13 outubro, 2010

Cartas de Lady Alice,

Amo meu,
Desculpai minha ousadia, mas a inquietação perturbou de dúvidas o meu dia.
Apraz-vos pensar que sou um ser somente das trevas?
Pois sabei que a luz também invade a janela do meu quarto, deixando atordoada a minha alma.
Se me quereis, e eu digo, se me quereis una, conhecei de mim o negrume e a claridade de uma qualquer manhã de pássaros, sussurrando despertares.
Peço-vos, meu amo, meu servo leal, não mais me enclausureis em lugares longinquamente negros, de janelas fechadas.
Não mais regressarei a essas grades, juro, não mais regressarei.
Dai-me o céu, o ar e o vento na luz do dia, misturando-se na multidão e no lusco-fusco do anoitecer, na invisibilidade de nossos corpos despidos.
Se me quereis, e eu digo, se me quereis com a força de um desejo de fogo e na minha pele depositais vosso consolo, então levai-me para longe das grades tortuosas de outrora, salpicadas de sangue e mentira.
Ah, meu amo…serei vossa serva, se me deres asas; serei vossa condenação se me fizeres tumba.
E neste enlace do nosso caminho, nada mais me restará do que amarrar-me no cavalo mais veloz e fugir de vosso encanto.









Lady Alice.

Textos secretos de Alice