09 julho, 2012

Cansaço.

Álvaro de Campos falava de um cansaço - de um cansaço interior - "um supremíssimo cansaço" que se carrega como uma pedra que nos afunda algures. Por vezes sinto assim, esse pesar dos dias que correm e encontro nas palavras de alguém uma tradução fiel dos sentimentos, dessa espécie de desalento que me invade.
Ao refletir essas emoções, sei que é uma espécie de "desesperança" no horizonte do tempo, nos rostos dos que por mim passam ou até talvez uma demasiado grande exigência face ao mundo. Às vezes insistem em moldar-me e eu vou ver o mar.
Hoje é só esta sonolência vaga de quem quer acreditar que o amanhecer será outro, uma vontade de esquecer a realidade plena de multidões invisíveis.
Pelas mãos do José Luis Peixoto, deixo-vos estas palavras tão belas.


não. ninguém saberá o que aconteceu.
estou muito cansado.
apetece-me dormir até morrer.
José Luis Peixoto
a criança em ruínas



imagem de Helena Almeida
Alice a caminhar sozinha

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