15 junho, 2010

Vem sentar-te comigo, Lidia.

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente
fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de
mãos enlaçadas.(Enlaçemos as mãos).
...Depois pensemos,
crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca
regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais
longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena
cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais
vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.

Fernando Pessoa 

Alice e as viagens

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